No dia 10 de fevereiro de 2020, há aproximadamente um ano, o Manuscrito de 14 páginas de Pierre de Coubertin, no qual o francês apresentou sua ideia visionária de restauração dos Jogos Olímpicos, foi doado ao Museu Olímpico de Lausanne, na Suíça. A doação foi feita por Alisher Usmanov, que também é Presidente da Federação Internacional de Esgrima.
O Manuscrito foi entregue em 25 de novembro de 1892, na antiga Sorbonne, em Paris. Dois anos mais tarde, no mesmo auditório, Coubertin reservou seu tempo para tratar de dois assuntos: o amadorismo e o espírito esportivo e, também, os Jogos Olímpicos da Era Moderna. Nesta ocasião, o megaevento esportivo foi formalizado e apoiado pelas autoridades presentes no local.
Em matéria feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), Alexandra de Navacelle de Coubertin, Presidente da Associação Familiar Pierre de Coubertin, comentou: “Para nossa família, é notável e uma fonte de grande orgulho ver por escrito a previsão que meu tio-avô teve. Há mais de cem anos, ele entendeu claramente como o esporte pode mudar o mundo e que poder enorme para o bem os Jogos Olímpicos poderiam ser, no seu tempo e no futuro”. Naquele contexto, o Presidente do Comitê Internacional Pierre de Coubertin, Stephan Wassong, comentou a visão à frente de Coubertin e como seus fundamentos filosóficos, esportivos e pedagógicos se fazem presentes ainda hoje: “A ligação entre o Manifesto Olímpico e a missão moderna do COI enfatiza que os pensamentos e ideias de Coubertin não são do passado. Eles ainda têm relevância para o Movimento Olímpico de hoje e seu impacto nas sociedades em todo o mundo. Coubertin acreditava firmemente que os Jogos Olímpicos poderiam dar uma grande contribuição à paz mundial”.
Na parte final do manifesto, Pierre de Coubertin exemplifica, através das suas palavras, a sua visão de como os Jogos Olímpicos podem ajudar a construir um mundo melhor por meio do esporte: “Quanto ao desporto em geral, não sei qual será o seu destino, mas quero chamar a atenção para o importante fato de apresentar duas novidades, desta vez na série destas transformações seculares. É democrático e internacional. A primeira dessas características garantirá seu futuro: tudo o que não seja democrático não é mais viável hoje. Quanto ao segundo, ele nos abre perspectivas inesperadas. Existem pessoas que você chama de utópicas quando falam com você sobre o desaparecimento da guerra, e você não está totalmente errado; mas há outros que acreditam na redução progressiva das chances de guerra, e não vejo utopia nisso. É claro que o telégrafo, as ferrovias, o telefone, a pesquisa apaixonada em ciência, os congressos e as exposições fizeram mais pela paz do que qualquer tratado ou convenção diplomática. Bem, espero que os esportes façam ainda mais. Aqueles que viram 30.000 pessoas correndo na chuva para assistir a uma partida de futebol não acharão que estou exagerando. Vamos exportar remadores, corredores e esgrimistas […]”.
Durante a ocasião, Thomas Bach, Presidente do COI, agradeceu a doação em nome do Movimento Olímpico e finalizou dizendo: “Estamos testemunhando a história. Em um nível, somos testemunhas deste documento histórico, o manuscrito do discurso que estabeleceu os fundamentos filosóficos do Movimento Olímpico. Em outro nível, estamos testemunhando um momento histórico, com este manuscrito retornando à sua casa Olímpica, o lugar ao qual pertence […] um momento que nos lembra de forma tão vívida a missão dos Jogos Olímpicos em unir o mundo numa competição pacífica”.