Há exatamente 106 anos, Pierre de Coubertin empreendeu uma importante e pioneira etapa administrativa ao transferir a organização burocrática do Comitê Olímpico Internacional (COI) de sua casa em Paris para Lausanne, na Suíça, em uma tentativa de proteger a neutralidade do Movimento Olímpico durante a guerra. Em abril de 1915, o prefeito e o município de Lausanne acolheram essa transferência e organizaram uma pequena recepção na presença de Coubertin e Godefroy de Blonay, que foi Membro do COI na Suíça de 1899 a 1937. O município ofereceu a Coubertin um quarto no Cassino de Montbenon como a sede do COI. De 1915 a 1922 Coubertin ainda trabalhava em sua casa em Paris e se hospedava em um hotel quando estava em Lausanne. Em 1922, o francês deixou Paris definitivamente e mudou-se para Lausanne com sua família. No ano seguinte, ele aceitou a oferta do município de se mudar para um apartamento na Vila Mon-Repos.
Naquele contexto, a vila tornou-se a nova sede do COI, junto com o primeiro Museu Olímpico. Em 23 de junho de 1994, Lausanne foi reconhecida oficialmente como a Capital Olímpica para comemorar o centenário do COI. Nesta perspectiva, o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin resgatou matéria feita no Jornal de Lausanne, em 1915, sobre a nova sede do Comitê Olímpico Internacional.
O documento diz:
“O Comité Olímpico Internacional, que acaba de fazer de Lausanne a sua sede (durante uma breve cerimônia que decorreu na Câmara Municipal na presença do Município e à qual se juntou o Presidente da Confederação por telegrama cordial), foi fundado no dia 23 de junho de 1894, na sequência do memorável encontro em que foi proclamado o restabelecimento dos Jogos Olímpicos, desaparecidos há mil e quinhentos anos. Esta restauração, preparada pelo Barão Pierre de Coubertin, foi aprovada por um congresso internacional por ele convocado e que teve lugar no Palácio da Sorbonne, em Paris, sob o alto patrocínio do Presidente Carnot, que morreu tragicamente no dia seguinte. Foi para comemorar o vigésimo aniversário desta restauração que se realizaram em Paris, no passado mês de junho, as celebrações em que participaram os delegados de todas as comissões olímpicas do mundo e que renderam ao Comité Internacional mensagens lisonjeiras dos soberanos, dos mais distantes governos e universidades.
O Comitê Internacional era composto por 45 membros de 32 países da Europa, América, África e Ásia. Ele recruta a si mesmo. Seus membros representam em seu próprio país. Em cada país existe um comitê olímpico nacional por meio do qual o comitê internacional se comunica com as federações e sociedades esportivas. O último criado, o Comitê do Extremo Oriente, com sede em Manila, estende por exceção sua jurisdição sobre a China, Java e Sião.
Além das cinco Olimpíadas (Atenas 1896, Paris 1900, Saint-Louis 1904, Londres 1908, Estocolmo 1912), que foram celebradas com esplendor crescente, o comitê internacional organizou vários congressos, um dos quais dedicado à psicologia do esporte. Realizado em Lausanne em 1913 e deu origem a acontecimentos tão interessantes quanto variados.
Sabemos que a Sexta Olimpíada aconteceria em Berlim em 1916 e foi preparada lá com brilho excepcional. Apesar de alguns pedidos, o Comitê Internacional se recusou a autorizar a transferência dos próximos jogos para a América, medida que considera ilegal. A sexta Olimpíada será, portanto, celebrada ou não dependendo do desenrolar dos eventos. Mas continua atribuído à Alemanha.
Para a sétima Olimpíada (1920), as candidaturas de Amsterdã, Antuérpia e Budapeste foram apresentadas antes da guerra. Dois meses atrás, Lyon se apresentou para a oitava Olimpíada (1924). Nada prova mais conclusivamente que o movimento olímpico não será prejudicado pelo cataclismo atual.
A sede e os arquivos do Comitê Internacional foram transferidos para Lausanne. Provavelmente haverá um museu anexo a ela”.