Foi inaugurada hoje (terça-feira, 3) a Exposição virtual “Reflexões Olímpicas e Dignidade Humana“, que usa como cenário os Jogos Olímpicos e Paralímpicos para tratar temas sociais, humanos e esportivos. A iniciativa é fruto de parceria entre o eMuseu do Esporte e o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC), com apoio da ONU através de suas três agências (ACNUR, UNIC Rio e UNESCO), além da PUCRS e do Comitê Internacional Pierre de Coubertin.
Parte do material é resultado de um projeto liderado por Nelson Todt, Carolina Moreno e Fernando Fontoura, do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO) da PUCRS. Desde outubro de 2020 o GPEO PUCRS vem desenvolvendo uma série de entrevistas com profissionais e especialistas sobre temas de relevância e impacto social relacionados ao Movimento Olímpico. A série nomeada “Reflexões Olímpicas”, que originou a Exposição, contém quatro entrevistas publicadas sobre os temas “Liberdade de Expressão e o artigo 50 da Carta Olímpica”, “As mulheres atletas e os Estereótipos de Feminilidade”, “Pode Tóquio cancelar os Jogos Olímpicos?” e “Os Jogos Olímpicos de Tóquio e a Comunidade LGBTQIA+”.
Pensando nisso e a fim de ampliar os diálogos presentes, o conteúdo da Exposição – um dos 18 ambientes históricos do eMuseu entre galerias e exposições em 3D -, está composto por entrevistas com 23 especialistas de 9 países dos 5 continentes. A Exposição aborda quatro temas: Esporte e Valores, Intersexualidade, Refugiados e Liberdade de Expressão.
Para Nelson Todt, Presidente do CBPC e curador da Exposição, as políticas contemporâneas e as relações humanas englobam todas as camadas de uma sociedade e diante disso, os Jogos Olímpicos não são exceção: “O esporte imita a vida, assim como as crises sociais também ecoam no ambiente Olímpico, em atletas e seu entorno. A partir dessa ideia, podemos refletir o quanto o esporte demanda valores que norteiem, por assim dizer, aquela conduta desejável socialmente”, explica o Professor. Para ele, o Movimento Olímpico “provoca a reflexão sobre dignidade humana em resposta à atual crise de valores, contribuindo para o desenvolvimento da igualdade de gênero, bem-estar, paz e redução das desigualdades”.
Por sua vez, o Prof. Lamartine DaCosta, curador do eMuseu do Esporte e Membro do CBPC, considera a Exposição virtual “Reflexões Olímpicas e Dignidade Humana” uma mudança de rumo nas interpretações do esporte na atualidade: “Até agora, o eMuseu cultivou a memória do esporte por meio de tecnologias inovadoras. Porém, ao se associar aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em parceria com órgãos das Nações Unidas, abrem-se perspectivas globais e de maior impacto para a construção de um esporte do futuro, mantendo-se respeito ao passado e aos temas de alta sensibilidade do presente”, explica.
A diretora do eMuseu do Esporte e também Membro do CBPC, Bianca Gama Pena, afirma que “uma das premissas do eMuseu é fazer com que todas as suas iniciativas estejam alinhadas com os ODS, contemplando o projeto 9 dos 17 ODS”. Já a diretora do UNIC Rio, Kimberly Mann, lembra que o esporte é um modelo de trabalho em equipe e também um motor de crescimento econômico para toda a sociedade: “Podemos usar este poder para construir pontes de amizade e coexistência, promover estilos de vida saudáveis e avançar nosso trabalho para alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo até 2030”, afirma.
Durante a live de lançamento da Exposição, Todt ainda reflete sobre a relevância dos assuntos presentes nos Jogos Olímpicos de Tóquio e sua implicância nas entrevistas realizadas: “Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão sendo um canal, mais do que nunca, para chamar a atenção da sociedade não apenas para o desempenho esportivo e humano, mas também para questões de interesse global”.
Miguel Pachioni, Assessor de Comunicação da ACNUR, comentou sobre o entendimento do contexto de indivíduos refugiados, explicando de forma ampla os subsídios necessários para que esse público consiga atender suas próprias expectativas ao procurar apoio: “Quando nós falamos de atletas refugiados, nós estamos efetivamente nos referindo a pessoas […] que foram forçadas a deixar seus locais de origem por motivos de perseguição relacionados à raça, nacionalidade, crenças, fatores políticos, que fizeram com que hoje, este grupo em Tóquio de 29 pessoas, as quais nunca abandonaram a perspectiva de sonhar, de deslumbrar um futuro adiante e buscar construir meios para fazer com que esses caminhos sejam pavimentados. Isso não serve apenas para as Olimpíadas. É um papel social muito importante também de quem promove a inclusão sociocultural, econômica, de toda e qualquer pessoa que tenha um viés de estado de marginalização de uma forma ampla”.
Pouco antes de finalizar, Fábio Soares, Coordenador do Programa de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO, encerrou sua fala com uma reflexão acerca da importância da Exposição para a comunidade profissional e acadêmica em geral: “O momento é muito oportuno não só em função dos Jogos Olímpicos, mas também nesse contexto tão complexo que a gente vive no mundo, com alguns retrocessos ligados a xenofobia, a intolerância e outros. Então, eu acho que a Exposição nos passa essa mensagem de trazer o esporte como um instrumento de transformação social e de mudança de cultura e comportamento”.
Acesse a Exposição no site do eMuseu do Esporte em: www.emuseudoesporte.com.br.