Há mais de um século o Movimento Olímpico tem procurado apresentar o esporte para a sociedade como um veículo formador de valores e de uma relação amigável entre cada indivíduo. Através dos Jogos Olímpicos ou programas individuais, o esporte é uma das principais ferramentas para o desenvolvimento de um mundo que passa por transformações e precisa lidar com novas perspectivas para as futuras gerações.
Pensar no esporte como catalisador de ações responsáveis é refletir em uma educação pautada em valores, onde se respeita o adversário dentro da competição sem burlar regras, fomentando a igualdade entre os participantes e promovendo um espírito de paz e união por meio da prática de atividades e exercícios físicos.
Estes regimentos estão diretamente associados a Filosofia Olímpica: o Olimpismo. Pensar em diferentes direções que proporcionem a formação de pessoas melhores vai ao encontro do que Pierre de Coubertin propôs com esta filosofia, como se referiu em 26 de outubro de 1918 em uma de suas Cartas Olímpicas: “O Olimpismo não é um sistema, é um estado de espírito, capaz de penetrar em todas as formas de educação, e nenhuma raça ou era pode alegar monopólio exclusivo dele. Olimpismo é um estado de espírito, nascido do culto duplo ao esforço e à Eurritmia. A notar o quão bem a união desses elementos é adequada à natureza humana – o amor ao excesso e o amor à harmonia”. Pode-se dizer que o Olimpismo é entendido como uma filosofia de vida que exalta e combina em equilíbrio as qualidades do corpo, espírito e mente, combinando esporte com cultura e educação, como a própria Carta Olímpica do Comitê Olímpico Internacional (COI) aponta. No entanto, no material Olimpismo e Educação Olímpica no Brasil, a pesquisadora Marcia De Franceschi Neto-Wacker acrescenta nesta mesma direção a importância deste equilíbrio do Olimpismo para sua efetividade: “Coubertin considerava que a prática do esporte por si só não tem sentido, mas somente quando associada a uma filosofia de vida. Coubertin dizia que treinar os músculos não é suficiente para formar uma pessoa”. Sobre esta filosofia de vida e os valores, Ana Miragaya, Secretária-Geral do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC), em seu artigo Educação Olímpica: o legado de Coubertin no Brasil, reflete: “O Olimpismo é a coleção completa de valores que ultrapassam a força física e que são desenvolvidos quando se pratica esporte”.
Para assegurar estes ideais, foi fundado o Comitê Internacional Pierre de Coubertin, que faz parte de um seleto grupo de instituições reconhecidas pelo COI, e conta com o apoio de Comitês Nacionais Pierre de Coubertin para garantir um alcance maior nas atividades que tornam o fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna em uma figura além de reconhecida, mas entendida como um exemplo de humanista para as ações norteadoras da sociedade. Assim surgiu em 2006 o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, que completa hoje seus 15 anos de história.
Desde 2008, sua sede vincula as atividades ao Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O principal objetivo deste Comitê é contribuir para o desenvolvimento de programas sociais esportivos, bem como escolas baseadas nos princípios educacionais de Pierre de Coubertin. As ações do CBPC visam difundir e promover iniciativas em Educação Olímpica, além de incentivar e valorizar exemplos que representam os princípios fundamentais do Olimpismo.
Seu trabalho se torna ainda mais relevante conforme a necessidade da promoção dos valores desta Educação Olímpica no contexto atual, como se refere Nelson Todt, Presidente do CBPC, em seu material publicado Um país Olímpico sem Educação Olímpica?: “Uma proposta de Educação Olímpica, baseada nos valores preconizados pela Filosofia Olímpica, pode representar uma importante alternativa pedagógica para as questões da inclusão social através do esporte. A proposição de estratégias para o desenvolvimento de uma Educação Olímpica em programas/projetos esportivos sociais possui um significado inovador e diferenciado”.
Por isso, atualmente o CBPC certifica quatro instituições que trabalham diretamente com Educação Olímpica na sua comunidade: Fundação Tênis, Escola de Educação Básica – URI Erechim, Estação Conhecimento de Serra e UMEF – Professor Rubens José Vervloet Gomes, totalizando aproximadamente 5 mil crianças atendidas. Este apoio consolida o trabalho em valores que o Comitê busca alcançar na juventude através destes programas, apresentando caminhos que priorizem o respeito, a boa convivência, o fair-play e a humanização das pessoas.
Além disso, já são 14 obras literárias que o CBPC chancela ou participa diretamente na sua organização, sobretudo que tenham como base em seu conteúdo propostas pedagógicas e educacionais que apresentem temas relacionados à Filosofia Olímpica para o público, a fim de fomentar uma educação pautada em valores e fortalecer o registro de marcos históricos no mundo do esporte e do Movimento Olímpico.
São mais de 50 Membros e Colaboradores que, desde 2006 até o momento atual, contribuíram para que o CBPC consolidasse sua identidade enquanto organização responsável por desenvolver ações que deem visibilidade ao Olimpismo e os valores nas comunidades, repercutindo diretamente na formação de pessoas mais humanas em uma sociedade impactada pela globalização do século XXI. Hoje, o CBPC realiza um trabalho que busca preservar a memória das realizações do Barão em sua totalidade, identificando as principais linhas do seu pensamento e assegurando sua disseminação internacional, por meio de pesquisas que identificam seus aspectos morais, cívicos, socioculturais e pedagógicos.
Nesta data especial, o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin gostaria de agradecer todos aqueles que, de alguma forma, fizeram e seguem sendo presentes nesta história.
O Presidente do CBPC comenta como ocorreu a criação do Comitê. Confira!