No dia que iniciam os Jogos Olímpicos Tóquio 2020, está sendo lançado o livro “Maria Lenk, Atleta, Educadora e Cientista: a primeira heroína olímpica do Brasil”. A obra é organizada por Ana Miragaya, Secretária-Geral do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC), e tem entre seus autores Ana Flávia Paes Leme e Lamartine DaCosta, também Membros do Comitê.
O material que conta com o apoio do eMuseu do Esporte e a chancela do CBPC reúne pesquisadores nacionais e internacionais que buscam remontar a vida pessoal e profissional de Maria Lenk, figura que se tornou um símbolo de valores que devem ser seguidos na vida e na sociedade. São 580 páginas de constatações biográficas e técnicas dispostas em português e inglês, totalizando 12 capítulos que explicam os principais marcos da nadadora brasileira, duas vezes recordista mundial, e a primeira mulher atleta da América do Sul a participar em Jogos Olímpicos (Los Angeles, 1932).
O Pré-Lançamento do livro havia sido feito em 8 de março deste ano, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher e dando maior sentido ao coletivo da obra. No entanto, foi em 2015 que o trabalho começou a ser produzido por Miragaya, contemplando fotos, diagramas, documentos e figuras que ilustrassem da melhor maneira a realidade de Lenk, a qual dedicou parte da sua vida como professora de Educação Física, cientista que sempre priorizou suas investigações e inovações relacionadas à natação e ao treinamento esportivo, gestora, dirigente, diretora da Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de cinco livros, tradutora de muito artigos e trabalhos em alemão e em inglês, e pioneira em muitas áreas, como ela mesma se definiu.
Ao longo do prefácio, Miragaya tenta dar significado à personalidade única e especial que a inspirou durante anos: “Maria Lenk havia sido minha fonte de inspiração quando iniciei na natação como atleta universitária caloura pela PUC-RJ, em 1972. Mal sabia eu, naquela época, que ela teve participação na implementação do Decreto-lei 705/69, que estabelecia que todo universitário deveria, por dois semestres, praticar um esporte. E o meu foi a natação, para minha alegria em seguir uma atleta que muito admirava. Foram cinco anos nadando e representando a PUC-RJ em muitas competições. Naquela tarde quente de dezembro, subimos as escadas do edifício onde Maria Lenk residia, pois não havia elevador. Ela morava no terceiro andar e utilizava as escadas várias vezes por dia. Ela nos recebeu muito bem, com muito carinho. Na sequência, assim que fechou a porta, logo observamos que ela estava com um pouco de dificuldade de andar, e antes que perguntássemos, ela antecipou a resposta: havia quebrado o fêmur e deveria se deslocar devagar. Para nossa surpresa ela não tinha uma ajudante fixa e era ela mesma quem ia ao mercado e realizava as tarefas domésticas. Havia apenas uma diarista uma vez na semana. Que mulher corajosa e determinada, pensei logo, com essa idade, 89 anos, e tão ativa, subindo e descendo escadas com uma perna quebrada. Revelou-nos ainda que, mesmo assim, frequentava diariamente o Clube Flamengo, para seus treinamentos, pois se dedicava à natação master e estava se preparando para um campeonato. Ela desejava bater um novo recorde e precisava treinar muito. Excelência, dedicação, disciplina, persistência, superação, coragem e inspiração, me vieram logo à mente, como estudiosa de valores”.
Nelson Todt, Presidente do CBPC, ao escrever a introdução da obra, reflete sobre a conduta exemplar de Lenk na promoção e no impulso de valores e coragem entre os mais jovens, além do seu papel inédito nos Jogos Olímpicos da Era Moderna em um contexto desafiador: “As mulheres competiram pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Paris em 1900, em golfe, tênis e vela, porém, foi na natação que surgiu a primeira atleta Olímpica brasileira muitos anos depois. Em 1932 o Brasil levou Maria Lenk para Los Angeles. Lenk foi a primeira Olympian brasileira e sul-americana. Nesta época Lenk tinha apenas 17 anos e, ao longo do tempo, tornou-se exemplo ao estimular mulheres brasileiras não apenas a começar a praticar esportes e atividades físicas, mas também a participar de competições”.
Maria Lenk não empunhou bandeiras, mas mostrou na prática o caminho através do exemplo: muita dedicação, muito treinamento, muito estudo e pesquisa, que construíram a sua competência, mais sua conduta e a prática de seus valores. Enfrentou preconceitos de cabeça erguida e com galhardia, que a levou ao topo do mundo do esporte. Hoje, figura-se como exemplo a ser seguido no esporte e na vida, por mulheres e por homens, por pessoas de todas as idades. E é nesta perspectiva que o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin convida você a ler, se inspirar e emocionar com o livro “Maria Lenk, Atleta, Educadora e Cientista: a primeira heroína olímpica do Brasil” de maneira gratuita e disponível para download no nosso site em “publicações”.